sexta-feira, 3 de outubro de 2008

O arsenal do Exército . Parte 3 . Sérgio Veludo Coelho.

Continuação
«Para além do material de guerra o Arsenal fabricava ou coordenava o fabrico de todo o equipamento que caracterizava o soldado da época, uniformes, botões, barretinas, bonés, capacetes, polainas, sapatos, botas, roupa interior, suspensórios, cintos, talabartes, boldriés, patronas, bainhas de espada e baioneta, tendas, selas, xabraques, materiais de madeira, ferro, bronze e latão e todo uma ampla variedade de produtos transformados que chegavam às muitas oficinas do Arsenal, vindos de outras fábricas do país, como os laníficios das Beiras e Alentejo, sobretudo com os contratos firmados com os produtores de laníficios da Covilhã, Fundão e Portalegre. Na prática o Arsenal Real do Exército era uma das maiores unidades militares do país, que embora com uma maioria dos já referidos empregados civis, viria a ter uma unidade própria que era a Companhia de Artífices do Arsenal Real do Exército criada em 1803, mas que surgem com os seus uniformes definitivos no Plano de Uniformes de 19 de Maio de 1806. Foi esta Companhia criada pelo Decreto de 7 de Agosto de 1803 para ser integrada no Arsenal Real do Exército, com o intuito de organizar ou reunir as Companhias de Artífices dos quatro antigos Regimentos de Artilharia e que por regra geral se encontravam destacados no Arsenal, tendo essas companhias sido extintas precisamente no ano da criação da Companhia de Artífices do Arsenal Real do Exército. Foram escolhidos para comporem a Companhia setenta e cinco Soldados com as profissões de: ferreiro, forjador, oficiais de lima, carpinteiro de machado e de obra branca, segeiro, funileiro, torneiro de madeira, tanoeiro, etc. Para além dos setenta e cinco soldados Artífices, também eram Artífices todos os Sargentos com excepção para o Furriel. Tal não implica que este contingente fosse uma força de segurança operacional pois num ofício de Carlos António Napion, de 6 de Agosto de 1807, é referido o facto de o Arsenal Real do Exército se achar dividido em muitos edifícios e cada um deles ter pelo menos mais do duas portas, por onde tinham acesso os operários, os materiais e os géneros consumidos na produção e em que fazia reparo de que esses acessos não se achavam devidamente guarnecidos, dado a natureza do que lá se fabricava e trabalhava. Apesar de mencionar a presença de porteiros, Napion realçava da necessidade de colocar militares no controlo dos acessos para garantir a segurança das áreas. Na prática o que este ofício deixa transparecer é que os edifícios do Arsenal Real do Exército não tinham controlo de entradas e saídas, sem escalas de serviços das guardas, tais como nas unidades militares e assim o que Napion sugeria era que se estabelecesse uma guarda semelhante aos dos quartéis dos Regimentos de Linha, com oficiais de dia e guarda armada (AHM Div 1–13–02–13 m0049/51). »
continua.

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